Parar e pensar para profissionais: Desconfinar mais um pouco na educação
Hoje pensamos em todos os profissionais de educação - educadores de infância, auxiliares, professores, psicólogos, técnicos de serviço social, animadores.... - que aos poucos vão voltando “ao activo”. Esta é a semana em que abrem os jardins de infância.
Conseguimos imaginar que estes profissionais, nesta altura, tragam no coração inquietações variadas (todas legítimas e importantes): os muitos novos procedimentos de higiene que é preciso aprender, decorar e garantir que são realizados para segurança de todos; o receio de poderem ser um veículo de transmissão da doença junto das suas famílias ou das famílias a quem prestam serviço; o medo de adoecerem; a inquietação de como será, agora, a relação com as crianças e suas famílias; o questionamento acerca do que aprenderam acerca do seu trabalho (ao longo da vida, na faculdade, nos cursos de formação) e que agora, de certa forma, podem sentir como “posto em causa” e que até pede para ser repensado… Imaginamos um turbilhão de emoções e sentimentos contraditórios.
Este pode ser um tempo importante para Parar e Pensar e por isso trazemos ideias - desafios que poderão inspirar este recomeço:
- Dar tempo ao tempo - isto quer dizer “olhar para o tempo de outra forma”. Se for demasiado exigente consigo e com as crianças relativamente a fazerem tudo num determinado tempo, provavelmente vai aumentar os seus níveis de stress e ansiedade e, com facilidade, contaminar as crianças e as equipas com que trabalha. Talvez por agora o mais importante seja dar tempo à relação com a criança; dar-lhe tempo para aprender a calçar-se e descalçar-se; a comer sozinha; a lavar as mãos; a ir à casa de banho… Porque minimiza riscos de contágio e desenvolve competências para a vida que reforçam a autoconfiança, a sensação de “ser capaz” e consequentemente o bem estar emocional da criança. Será que ajuda, no começo de cada dia perguntar / pensar: “Quais são as prioridades de hoje? O que é que mesmo importante fazer?” O dia só tem 24 horas!
- Cuidar de mim para poder cuidar dos outros - balões de oxigénio - o bem estar físico e emocional dos profissionais de educação de primeira linha é muito importante. Quanto mais equilibrado estiver mais será capaz de “dar conta do recado”. No seu trabalho diário é responsável por criar condições que permitam o bem estar “dos outros”, das crianças e indirectamente das suas famílias. Também, na sua vida pessoal tem à volta “os outros” - família próxima e alargada, os amigos, os vizinhos… Para cuidar dos outros, apoiá-los, servi-los é muito importante que primeiro cuide de si: “Como me tenho alimentado? Que tempo dedico ao descanso? E ao exercício físico? Das coisas que me relaxam e me dão prazer, que tempo lhes dedico na semana?”
- Os pares pedagógicos e o trabalho em equipa são uma mais valia - ter a oportunidade de percorrer este caminho, de realizar as tarefas do dia a dia em equipa/par pedagógico é um grande presente. É ao mesmo tempo um desafio para aprender a confiar no outro e aceitar as suas correcções e chamadas de atenção (pensar que o outro o faz porque se preocupa comigo, com as crianças, com as famílias que serve e que, no limite, é para o bem de todos, do planeta, do mundo… ao invés de pensar que é uma crítica para “me deitar abaixo”). Pode também ser um “descanso mental” e trazer tranquilidade - pensar que são duas pessoas a “decorar os procedimentos” e que cada uma sabe que pode contar com a ajuda da outra se não se lembrar de alguma coisa. Fica o desafio para pensar: “Como vou querer receber a correcção e o apoio dos outros?”
- E uma última reflexão / ideia: as famílias podem estar a sentir o mesmo que os profissionais - um turbilhão de emoções e sentimentos. Talvez este novo momento que todos vivemos a vá desafiar a descobrir novas formas de se relacionar com as famílias. Parar e pensar relativamente à relação escola - família pode ser útil e importante: “A forma como comunico ainda funciona para os tempos actuais? O que quero manter e o que quero fazer diferente? Houve alguma coisa que descobri durante o confinamento que quero manter?”
“As boas equipas tornam-se óptimas equipas quando os membros confiam uns nos outros o suficiente para trocar o “eu” pelo “nós”” (Jackson Phil)
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