Mudar as Famílias: Missão (Im)Possível!

Para quem trabalha, nos mais variados contextos, com a missão de apoiar famílias, pais e mães, o tema da mudança pode ser um quebra-cabeças! Este texto permite reflectir sobre onde queremos pôr o foco

Quase sempre, quem trabalha em intervenção social - e quando falamos em intervenção social falamos de uma variedade imensa de contextos: desde o escolar até ao terapêutico, passando pelo apoio social ou psicológico - sente vontade de mudar a realidade. Aliás, a maioria dos profissionais que trabalham em intervenção social têm como missão fazer acontecer mudança!

Por vezes, pode ser fácil misturar conceitos e intenções e, em vez de descobrir e reflectir sobre que mudanças são importantes, sobre o que é importante mudar, caímos na vontade de mudar as pessoas ou as famílias, assumindo (sem dar conta) que sabemos quais as mudanças que as pessoas deveriam fazer.

Dizemos inúmeras vezes que não podemos mudar os outros - esta máxima implica que não nos cabe a nós fazer acontecer mudança na vida dos outros. Então, podemos sentir que estamos “presos” num paradoxo: trabalhamos para fazer acontecer mudança, mas não podemos mudar os outros?

Para “desmontar” este paradoxo aparente, precisamos de clarificar qual é o nosso trabalho, qual é a nossa missão na profissão que escolhemos! Assim, o nosso desafio de hoje passa por convidá-lo a definir e reconhecer a sua missão no trabalho que desenvolve. 

Para o ajudar nesta tarefa, sugerimos que faça a  si próprio as seguintes perguntas:

• Para que serve o meu trabalho - qual é o seu objectivo último?
• Se não tivesse receio das consequências, e quisesse orgulhar-se ainda mais do seu trabalho, o que seriam as grandes mudanças que faria acontecer?
• Se tivesse uma varinha mágica, se tudo fosse possível, como seria o seu dia a dia de  trabalho? Como se sentiria? 
• Se tudo fosse possível, que impacto teria a sua intervenção na vida das  pessoas? 

Depois de responder às perguntas é possível que comece a ter uma ideia mais concreta de qual é a sua missão! A partir de agora, ao focar-se nela e a dar-se conta de como a vive, irá  descobrir que não podemos mudar os outros, mas quando nos mudamos a nós próprios (o nosso olhar, a nossa atitude, o nosso discurso, as nossas emoções) o que nos rodeia (incluindo as pessoas) começa a mudar… 

(inspirado no exercício “Resgatando o Sonho”, in “Family Coaching: 36 desafios para pais extraordinários”)